O transplante de coração é o procedimento realizado em pacientes com insuficiência cardíaca refratária cuja condição persiste após receberem todos os outros meios de tratamento indicados para o quadro, sendo o transplante a última alternativa.
No Brasil, todos os transplantes de órgãos dependem da sequência estabelecida pelo SNT (Sistema Nacional de Transplantes), sendo que hoje existem 386 pessoas na fila de espera. Cada estado ou região organiza sua própria lista e todas as listas são monitoradas pelo sistema e pelos órgãos de controle federais.
A fila segue uma ordem cronológica, levando em conta outros fatores, como a gravidade do estado do paciente e as compatibilidades sanguínea e genética entre o doador e o receptor. Ou seja, quando ocorre uma doação, não necessariamente o coração é transplantado para o primeiro da fila, uma vez que determinados critérios devem ser atendidos.
É importante destacar que, no caso do coração, o tempo entre a retirada do corpo do doador e o transplante deve ser de no máximo quatro horas, o que faz com que a preparação do receptor seja extremamente rápida.
Para os casos em que o receptor já está no hospital, a unidade é avisada que existe um doador compatível e o próprio hospital começa imediatamente a preparação do paciente. E para os casos em que o receptor pode aguardar o transplante em sua residência com o uso de medicamentos, este é avisado por telefone que deve se dirigir no mesmo instante para o hospital onde será realizado o procedimento.
Uma vez que seja encontrado um receptor compatível com o coração doado, inicia-se o procedimento do transplante, que consiste na abertura do peito. Em seguida, o sangue é desviado do coração doente por duas cânulas (pequenos tubos) que são ligadas às veias cavas, e esses tubos levam o sangue para uma máquina que faz as funções do coração e do pulmão e que fica ao lado da mesa de operação.
A retirada é realizada e o novo coração é inserido e conectado ao átrio, a cavidade que recebe o sangue, e somente então as cânulas são retiradas e as veias e artérias conectadas. O sangue que fica circulando pela máquina retorna ao corpo do paciente e o novo coração começa a bombeá-lo.
A cirurgia tem uma duração de 4 a 6 horas a depender de diversos fatores. Como toda cirurgia, existem riscos que são calculados pela equipe médica. O principal deles é a rejeição do órgão transplantado, que pode fazer com que o paciente precise de um novo transplante. Para que isso não ocorra, o paciente é submetido a tratamentos imunossupressores, diminuindo a atividade do sistema imunológico para que as células não ataquem ou rejeitem o novo órgão.
Porém, esse tratamento pode deixar o paciente suscetível a outros tipos de infecções, por isso é necessário um acompanhamento médico durante toda a vida do paciente com órgão transplantado.
O tempo de espera para um transplante pode ser de 2 a 18 meses; porém o transplante proporciona aos pacientes, além da sobrevida do coração, uma maior qualidade de vida, o que torna o procedimento necessário nos casos em que o coração já não responde aos tratamentos conservadores.