O ano de 2024 é um ano bissexto, o que significa que o mês de Fevereiro terá 29 dias, ao invés dos 28 presentes nos outros anos. Mas, por que existe essa regra, quando ela foi instituída e quais são os seus efeitos?
No texto de hoje, vamos buscar responder a essas perguntas e também apresentar algumas curiosidades sobre o nosso calendário.
Por que existe o ano bissexto?
Os calendários surgiram como uma necessidade de planejamento de longo prazo. Com o aumento do tamanho e da complexidade das sociedades humanas, tornou-se necessário definir nomes para os dias, os meses e os anos.
Sua função principal era acompanhar as estações e auxiliar na definição das épocas de plantio e colheita. Com o tempo, novos marcos foram adicionados ao calendário, como datas de coletas de imposto e datas comemorativas, para criar a rotina da sociedade.
No entanto, como o período de translação da Terra ao redor do Sol não é de 365 dias exatos, as datas acabam por cair em dias diferentes de um ano para o outro, causando uma dissincronia com o passar do tempo. O ano bissexto foi criado com o objetivo de diminuir essa dissincronia e manter os marcos do calendário consistentes.
Do calendário Juliano ao Gregoriano
A história do calendário que seguimos hoje começa com Júlio César. Devido à necessidade de sincronizar os marcos anuais com o período de translação da Terra, foi feito um esforço para medir melhor o tempo desse movimento ao redor do Sol.
O Calendário Juliano definiu a duração do ano como 365,25 dias, o que significa que a cada 4 anos, um dia deveria ser adicionado para que o ano não perdesse a sincronia.
Isso, no entanto, não funcionou. A duração exata de um ano é 365,24219, ou seja, isso fazia com que a cada 128 anos um dia teria que ser retirado, o que não foi feito até o ano de 1582.
Nesse ano, buscando sincronizar o calendário e prevenir novas flutuações nas datas, o Papa Gregório XIII definiu uma nova regra, que é a que seguimos até hoje: seriam anos bissextos todos os que fossem múltiplos de 4 que não fossem também múltiplos de 100 e todos os múltiplos de 400.
O ajuste no ano de 1582:
Apesar das novas regras serem mais precisas, ainda existia o problema da dissincronia. No ano de 1582, o calendário estava 10 dias à frente do que deveria estar. Foi decidido então cortar esses dias.
Portanto, nesse ano, quem dormiu no dia 4 de outubro acordou no dia 15 de outubro, cortando assim os dias excedentes do calendário. Porém, o problema não foi inteiramente resolvido. No calendário atual, devemos retirar um dia a cada 3323 anos, mas, considerando nossa escala de vida, podemos dizer que ele foi bastante mitigado.
O nome ano bissexto:
Quando questionadas sobre por que o ano se chama bissexto, muitas pessoas recorrem ao senso comum e respondem que é por causa da presença de dois números 6 no número de dias do ano (366).
No entanto, isso é um mito. O verdadeiro motivo é que os romanos costumavam contar a última semana dos meses de maneira regressiva, dizendo os dias que faltavam para o início do próximo mês.
Quando era colocado mais um dia no mês de fevereiro, eles adicionavam outro sexto dia a essa contagem regressiva. Ou seja, passava a existir dois sextos dias antes de março, daí o nome em latim “bis sextum”, que hoje falamos como bissexto.