O governo peruano declarou emergência nacional no último domingo, dia 9 de julho, após 4 pessoas serem vítimas de um surto da Síndrome de Guillain-Barré. O estado de emergência deve durar pelo menos 90 dias.
A Síndrome de Guillain-Barré é uma condição neurológica rara e grave que faz com que o sistema imunológico ataque o sistema nervoso periférico, causando uma inflamação dos nervos, que leva a fraqueza muscular, formigamento, dormência e, em casos mais graves, paralisia.
A Síndrome de Guillain-Barré costuma apresentar sintomas motores que, na maioria dos casos, começam pelos pés e depois sobem para as pernas e outras partes do corpo. Dentre esses sintomas, normalmente estão a dificuldade de andar e de manusear objetos. Outros sintomas são dormência nos pés, pernas e mãos, dores nas mesmas regiões, sonolência, confusão mental, visão dupla, perda da coordenação muscular, entre outros.
A Síndrome de Guillain-Barré não possui uma causa específica; existem algumas condições que podem fazer com que o corpo tenha uma reação imunológica precipitada e essa reação acaba atacando o sistema nervoso periférico e causando a síndrome.
Existem várias infecções associadas à Síndrome de Guillain-Barré, sendo a mais comum a infecção pela bactéria Campylobacter, que causa infecção extraintestinal. Outras infecções que podem causar a doença incluem zika, dengue, chikungunya, citomegalovírus, vírus Epstein-Barr, sarampo, vírus de influenza A, Mycoplasma pneumoniae, enterovírus D68, hepatites A, B, C, HIV, entre outras.
O diagnóstico da doença é inicialmente clínico, baseado no conjunto de sintomas apresentados nos primeiros dias, ou seja, não existe um teste específico que diagnostique a doença. No entanto, existem alguns exames complementares que podem ajudar a detectar as alterações e confirmar o diagnóstico.
O exame líquido cefalorraquidiano pode ajudar a identificar as alterações que surgem de uma semana a 10 dias depois de contrair a doença. Um exame que mostre um aumento das proteínas no líquido com a quantidade normal de células pode indicar a presença da doença.
Outro método de diagnóstico é a avaliação das alterações na condução nervosa. O exame de eletroneuromiografia, em que pequenas descargas elétricas são aplicadas para testar a resposta do paciente, pode mostrar alterações indicativas de lesão da mielina.
A Síndrome de Guillain-Barré tem cura?
O tratamento depende da situação clínica do paciente. Nos casos em que o paciente pode ter paralisia da musculatura respiratória e alterações do ritmo cardíaco, é necessário internação na Unidade de Terapia Intensiva e o tratamento é feito com imunoglobulina ou plasmaférese.
Após o tratamento, a maioria dos pacientes tem recuperação completa. Cerca de 15% dos casos podem deixar sequelas e 5% podem chegar a óbito por conta da gravidade. Para casos mais graves, a fisioterapia é importante para que não haja atrofia muscular.