Em homenagem ao dia mundial do tradutor, que ocorre no dia 30 de setembro, falaremos sobre as origens da tradução. O ato de traduzir é tão antigo quanto a própria linguagem. Os registros mais antigos que incluem traduções datam de 2500 a.C. Placas de argila encontradas no Oriente Médio com inscrições em suméria e eblaíta podem ser consideradas como as traduções mais antigas da história.
No Egito antigo a tradução também existia como é possível verificar graças à Pedra de Roseta datada de 196 a.C. que possui o mesmo texto em 3 idiomas, grego, egípcio demótico e hieróglifos. A Pedra de Roseta foi um importante marco histórico para a tradução, foi ela que permitiu que o francês Jean- François Champollion pudesse realizar a tradução dos hieróglifos (contamos essa história de forma detalhada aqui).
A primeira tradução literária conhecida é de Lívio Andrônico que, por volta de 250 a.C., traduziu “A Odisseia”, o clássico poema de Homero que originalmente foi escrito em grego e é até hoje considerado umas das maiores obras da história.
Nessa tradução Lívio já usava conceitos estabelecidos até hoje, como o de traduzir não somente as palavras de forma literal, mas o conceito que o autor da obra original gostaria de passar aos seus leitores, levando em conta a cultura na qual a tradução estaria inserida.
Essa ideia foi defendida também por Quinto Horácio Flaco, um poeta italiano que viveu de 65 a.C. até 8 a.C. e cujas obras serviram de influência para diversos autores renascentistas e classicistas.
São Jeronimo, o padroeiro dos tradutores
Um dos maiores nomes da tradução é São Jeronimo, considerado o padroeiro dos tradutores, que nasceu na Dalmácia e passou grande parte da sua juventude estudando línguas e filosofia em Roma. Foi São Jeronimo que transformou a tradução em um ofício. Em 382 d.C., ele recebeu o convite do Papa São Damásio I para ser seu secretário e realizar a revisão dos Evangelhos do Novo Testamento. Seu trabalho consistia em comparar as muitas versões em latim existentes na época com os textos originais escritos em grego chamados Septuaginta.
Em 385 d.C São Jerônimo se mudou para Belém onde realizou a tradução dos textos do antigo testamento diretamente do hebreu, o que é considerado até hoje como a mais polêmica de suas obras. Essa tradução culminou na versão final da bíblia escrita em latim, conhecida como Vulgata. Foi a partir da Vulgata que a bíblia foi traduzida para as línguas mais populares, e graças a essa tradução foi possível a unificação do cristianismo e sua propagação.
Durante o século XVI Martinho Lutero elaborou a tradução alemã do Novo Testamento e após isso passou a traduzir as escrituras do Antigo Testamento. Foi durante esse processo que ele percebeu que não havia tradução literal em alemão para as expressões originais em hebreu, com isso Lutero utilizou a mesma forma de traduzir de Lívio, abandonando a tradução literal e se concentrando em traduzir o conceito e as ideias do texto.
A história da origem da tradução ainda conta com diversos nomes relevantes e diversas ocasiões onde a tradução possui papel fundamental na história do mundo, como o Julgamento de Nuremberg, o primeiro a utilizar a interpretação simultânea.
Hoje a tradução é utilizada nos mais diversos aspectos da nossa vida cotidiana, além de ser primordial para o funcionamento do mundo globalizado. O dia do tradutor é celebrado em homenagem às pessoas que tornam possível que a comunicação não possua barreiras, graças aos tradutores as pessoas conseguem se comunicar independentemente do seu idioma de origem.